História

O Cemitério da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, inaugurado em 1850, o mais antigo em atividade no Sul do Brasil, conserva em seus 10,4 hectares muito da história da capital e do próprio Rio Grande do Sul. Atrás de seus muros mais de um século e meio de história estão representados nas sepulturas e mausoléus, através da arte esculpida em mármore, bronze, ferro e pedra. Atravessar os portões que guardam esse patrimônio da cidade e caminhar por suas alamedas é iniciar uma viagem ao passado.

No Brasil Colonial, as vilas tinham em seu centro uma capela, e ao lado ou nos fundos o cemitério. Na Vila de Porto Alegre, o cemitério existente localizava-se atrás da antiga Igreja Matriz e Capela do Divino Espírito Santo, que deram lugar à Cúria Metropolitana, na atual Rua Fernando Machado.

Durante a ocupação de Porto Alegre pelos Farroupilhas, entre 1835 e 1836, a média anual de enterros aumentou substantivamente, motivada também por um surto de escarlatina. Logo, a área destinada aos sepultamentos tornou-se inadequada. O terreno acidentado, de acentuado declive, não permitia mais acolher os sepultamentos, por problemas ocasionados pela chuva e consequente erosão do solo.

Em 1834 já havia uma comissão sanitária, formada por médicos, e nomeada pela Câmara Municipal para debater sobre o problema da necrópole. Foi em 1843, após a Câmara Municipal ter autorizado a mudança do Cemitério para uma localidade afastada, extramuros, que o Presidente da Província, Luís Alves de Lima e Silva, tomou a iniciativa de fazer adquirir, em 6 de agosto de 1844, um amplo terreno, situado longe do centro, no alto da Colina da Azenha, ordenando à Irmandade da Santa Casa a sua administração.

Para agosto de 1850 foi projetada sua inauguração. Entretanto, com a epidemia de febre amarela que se difundia pela Vila, urgia realizar os sepultamentos no novo cemitério. Assim, em 6 de abril daquele ano realizou-se a primeira inumação no Alto da Azenha, sendo ainda aprovado pela Câmara Municipal o impedimento de realizar enterros em outra necrópole. José Domingues, um marítimo português que chegou em Porto Alegre, é o primeiro livre sepultado. E a inocente Eva foi a primeira escrava ali acolhida, em 12 de abril de 1850.

O Cemitério acolheu a expansão urbana da capital durante o século XIX. Porém, no decorrer do século XX a população de Porto Alegre cresceu vertiginosamente, propiciando o surgimento de outras necrópoles na cidade. Na atualidade, o Cemitério Santa Casa é a expressão evidente das transformações sociais, econômicas, políticas e culturais promovidas ao longo do tempo na história da capital e do estado do Rio Grande do Sul.